
Originário do Japão, a raça Akita Inu ganhou esse nome por causa da província em que surgiu (sendo que “inu” é cão em japonês). Com uma aparência que lembra ligeiramente a de um lobo, é um cachorro bem independente, embora leal. Tão leal, que a famosa história de um exemplar da raça já foi contada em diversas línguas na literatura, na tevê e até no cinema.
De porte imponente, o akita é um cão robusto, bastante resistente a doenças. Seu focinho é forte e afilado, não muito comprido. Seus olhos são pequenos e com um ângulo ligeiramente voltado para cima. As orelhas, pequenas e grossas, são triangulares, ligeiramente arredondadas nas extremidades, inclinadas para frente. A cauda, grossa e forte, fica enrolada sobre o dorso.

A pelagem do akita é espessa, dupla. Os pelos de cima são fortes e retos, com o subpelo macio e denso. Quando filhote, tem a aparência de um bichinho de pelúcia. É encontrado nas cores avermelhado, sésamo (fios vermelhos com as pontas pretas), tigrado e branco. Excetuando-se os dessa última cor, o cão tem pelagem esbranquiçada nas laterais do focinho, bochechas, queixo, pescoço e ventre, além da parte inferior da cauda e da interna dos membros.
Guardião e companheiro
Seu caráter protetor e fiel fez dele muito apreciado pelos históricos guerreiros samurais, bem de acordo com seu rígido código de honra, em que seus senhores, os “shoguns”, eram merecedores de obediência absoluta. No Japão feudal, o akita foi muito usado como cão de caça e até mesmo em combate, tal sua coragem a toda prova.
É afetuoso, mas não é de demonstrar muito carinho, o que leva algumas pessoas a confundirem sua independência com indiferença. Embora não seja de exibir espalhafatosamente seu afeto pelo dono, prefere sua companhia a ficar longe, preso em quintais ou canis. Late muito pouco, por isso mesmo seu latido deve ser respeitado como sério sinal de advertência. Ao contrário de outros cães de guarda, não se exibe para amedrontar os adversários ou intrusos. Fica quieto em um canto que lhe dê boa visão do perímetro, saindo dele se necessário for.


A Segunda Guerra Mundial, na qual o Japão integrava o “Eixo do Mal”, colaborando com a Alemanha e a Itália, quase acabou com o país oriental e, consequentemente, com o akita, pois sua pele era requisitada pelo exército japonês e os alimentos eram muito escassos. Mas algumas famílias esconderam seus cães, e a raça persistiu. A raça conquistou a admiração de membros das forças armadas aliadas, sobretudo dos Estados Unidos, que ajudaram em sua propagação após a guerra. Correspondentes de guerra ocidentais testemunharam soldados aliados dividindo seu próprio alimento com alguns akitas que criaram desde filhotes, alguns levados para o ocidente quando os combatentes regressaram à terra natal.

A farta pelagem do akita deve ser escovada semanalmente, especialmente nas épocas de muda. Banhos, somente uma vez por mês, pois ele é bem competente na tarefa de manter-se asseado. A limpeza dos ouvidos deve ser feita a cada 15 dias. A alimentação deve ser orientada pelo médico-veterinário de confiança da família.
Não é um cão que tenha problemas de saúde com facilidade, por sua robustez. Mas pode ficar doente, obviamente. São problemas comuns à raça a displasia de cotovelo, o entrópio (bordas das pálpebras viradas para dentro), epilepsia, atrofia progressiva da retina e problemas de pele, se não for devidamente escovado.
O fiel Hachiko
Um dos maiores exemplos de fidelidade de um animal em relação a seu dono de que a humanidade já teve notícia tem um famoso akita como protagonista. Em 1923, o professor universitário Eisaburo Ueno, do Departamento de Agricultura da Universidade Imperial (campus de Tóquio), adquiriu o filhote que batizou de Hashiko (na verdade, um apelido, pois “Hachiko” é um diminutivo carinhoso para “Hashi’, seu verdadeiro nome).

Em 21 de maio de 1925, um ano e quatro meses depois que a caminhada diária começou, Hachiko foi, como de costume esperar seu amigo humano na estação, no mesmo lugar de sempre. O trem chegou, mas Ueno não apareceu. Um acidente vascular cerebral (AVC) o matara na universidade, durante uma reunião do corpo docente.
Um ex-aluno de Ueno soube da história, e foi checá-la pessoalmente. Logo, ela ganhou as páginas do respeitado Asahi Shinbun, importante periódico japonês. Hachiko ganhou admiradores por todo o Japão, tornando-se uma celebridade nacional. Pais e professores usavam a fidelidade do cão como exemplo de nobreza para as crianças.
O cão passou quase 10 anos em sua espera pelo dono, até falecer em 8 de abril de 1934, fraco e doente, com uma das orelhas caída, sem a imponência de seu porte de outrora (foto à direita). Seu corpo foi enterrado ao lado do de seu dono e foi decretado luto oficial de um dia em sua honra. No mesmo ano, uma estátua de bronze em tamanho natural foi inaugurada no lugar em que o fiel animal esperava por Ueno todos os dias, feita pelo renomado escultor Teru Ando. Logo, a raça akita ganhou mais e mais apreciadores por todo o país, disseminando-se.
Em 1944, a estátua foi lamentavelmente derretida para a produção de armamentos, já que o Japão estava em plena Segunda Guerra Mundial e carecia de recursos. O país saiu como perdedor, mas Hachiko ganhou uma nova estátua em 1948, feita por Takeshi Ando, filho do escultor da original. Instalada no mesmo lugar da primeira, a nova escultura (foto abaixo) está até hoje na frente da estação de Shibuya. A estátua em si não tem nenhum valor, senão o artístico, mas o exemplo de amizade que ela faz muita gente lembrar é que a valoriza. Não são raras as visitas à estação, em honra a grande exemplo que um simples animal deu a tantos seres humanos. Também não são raras as lágrimas dos visitantes.

Hoje, se um dono não tem condições financeiras de cuidar de seu akita e tiver como comprovar isso, o governo japonês assume as despesas.
O exemplo de Hachi foi adaptado para o cinema, no filme “Hachiko Monogatari” (“A História de Hachiko”), em 1987. Com ares ocidentais e modificada para várias décadas depois da real, foi readaptada em um filme dos Estados Unidos de 2009, “Sempre ao Seu Lado” (foto à esquerda), com o ator Richard Gere, que fez muita gente se emocionar ao redor do planeta (disponível em DVD).
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